Saturday, July 21, 2007

To Be

. . .
The child I never made
today would be a man.
Fleshless and nameless,
he runs with the wind.

Sometimes I find him
lost in the clouds.
He leans on my shoulder
With no shoulder of his own.

I ask my child,
a breath of air:
in what cave or shell
do you abstractly dwell?

There where I lay,
a breeze responds,
you didn’t notice me
though I called you

as I still call you
(beyond, beyond love)
where nothing, everything
aspires to be created.

The child I never made
is made by himself.



gringocarioca



Ser


O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apóia em meu ombro
seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
objeto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstrato?

Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste
contudo chamava-te

como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.

O filho que não fiz
faz-se por si mesmo.


Carlos Drummond de Andrade


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