Wednesday, September 28, 2011

o que passa?


o tempo todo 
o tempo passa 
passa o tempo
de passagem

passa sempre
o presente
de repente
está passado

o futuro
demora …
e agora,
o que passa?

passa o homem
passa fome
pouco come
desde ontem

hoje mesmo
passa mal
passa como
animal

nunca passa
desse estado
está sem tempo
está sem espaço ...

as pessoas
então passam
e os passos
são pesados

passa tudo
tão depressa
se espera
nada passa

tudo passa
todo tempo
toda hora
eu me lembro

o tempo todo
o tempo passa
passatempo?
passa nada ...


Copyright © 2011 Marco Alexandre de Oliveira 

espaçotempo

o tempo, sendo tempo, está sendo tempo, por um tempo, no espaço, além do espaço, sendo tempo um espaço de tempo, além do tempo, sendo espaço, um tempo de espaço em que passa um espaço de tempo, sendo tempo por um tempo no espaço ... 

Copyright © 2011 Marco Alexandre de Oliveira 

Wednesday, September 21, 2011

partir

coração partido
o pedido de perdão
não cola


Copyright © 2011 Marco Alexandre de Oliveira

Saturday, September 17, 2011

L’esprit nouveau ...

"Même s’il est vrai qu’il ny a rien de nouveau sous le soleil, il ne consent point à ne pas approfondir tout ce qui n’est pas nouveau sous le soleil. Le bon sens est son guide et ce guide le conduit en des coins sinon nouveaux, du moins inconnus.

Mais n’y a-t-il rien de nouveau sous le soleil ? Il faudrait voir.

Quoi ! on a radiographié ma tête. J’ai vu, moi vivant, mon crâne, et cela ne serait en rien de la nouveauté ? À d’autres!"

(Guillaume Apollinaire, "L’Esprit nouveau et les poètes")


"Even if it is true that there is nothing new under the sun, the new spirit does not refrain from discovering new profundities in all this that is not new under the sun. Good sense is its guide, and this guide leads it into corners, if not new, at least unknown. 

But is there nothing new under the sun? It remains to be seen.

What? My head has been x-rayed.  I have seen, while I live, my own cranium, and that would be nothing new?"

(Guillaume Apollinaire, "The New Spirit and the Poets"." Trans. Roger Shattuck.)


"Mesmo que seja verdade que não há nada de novo sob o sol, não se admite de maneira nenhuma que não se aprofunde tudo o que não é novo sob o sol.

O bom-senso é seu guia e este guia o conduz a ângulos senão novos pelo menos desconhecidos.

Mas não há nada de novo sob o sol?  Seria preciso ver.

Ora! Tiraram uma radiografia de minha cabeça.  Eu vi, estando vivo, meu crânio e isto não seria uma novidade? Ora essa!

(Guillaume Apollinaire, "O espírito novo e os poetas." Trans. Gilberto Mendonça Teles.)


  

new under the sun ...


"Vanity of vanities, saith the Preacher, vanity of vanities; all is vanity.
What profit hath a man of all his labor which he taketh under the sun?
One generation passeth away, and another generation cometh: but the earth abideth for ever.
The sun also ariseth, and the sun goeth down, and hasteth to his place where he arose.
The wind goeth toward the south, and turneth about unto the north; it whirleth about continually, and the wind returneth again according to his circuits.
All the rivers run into the sea; yet the sea is not full: unto the place from whence the rivers come, thither they return again.
All things are full of labor; man cannot utter it: the eye is not satisfied with seeing, nor the ear filled with hearing.
The thing that hath been, it is that which shall be; and that which is done is that which shall be done: and there is no new thing under the sun.
Is there any thing whereof it may be said, See, this is new? it hath been already of old time, which was before us.
There is no remembrance of former things; neither shall there be any remembrance of things that are to come with those that shall come after."

("Ecclesiastes, Or The Preacher."  The Holy Bible. King James Version) 

"Farolismo" / "Showoffism" ...

"Escritor de nome disse dos meus amigos e de mim que ou éramos gênios ou bestas. Acho que tem razão. Sentimos, tanto eu como meus amigos, o anseio do farol. Si fôssemos tão carneiros a ponto de termos escola coletiva, esta seria por certo o 'Farolismo'. Nosso desejo: indicaremos o caminho a seguir, bestas: náufragos por evitar."

(Mário de Andrade, "Prefácio interessantíssimo", Paulicéia desvairada.)


"A famous writer said about me and my friends that we were either geniuses or jackasses. I think that he is right.  We feel, I as well as my friends, the desire to be showoffs.  If we were sheep to the point of forming a collective school, this would surely be 'Showoffism.'  Our desire: to illuminate. The extreme left in which we have stationed ourselves will not permit halfway solutions.  If we are geniuses: we will point the road to follow; if we are jackasses: shipwrecks to avoid."

(Mário de Andrade, "Extremely Interesting Preface." Hallucinated City. Trans. Jack E. Tomlins)

contrabandista! / smuggler!

"Dom Lirismo, ao desembarcar do Eldorado do Inconsciente no cais da terra do Consciente, é inspeccionado pela visita médica, a Inteligência, que o alimpa dos macaquinhos e de toda e qualquer doença que possa espalhar confusão, obscuridade na terrinha progressista. Dom Lirismo sofre mais uma visita alfandegária, descoberta por Freud, que a denominou Censura. Sou contrabandista! E contrário à lei da vacina obrigatória."

(Mário de Andrade, "Prefácio interessantíssimo", Paulicéia desvairada.)


"Sir Lyricism, when he disembarked from the El Dorado of the Unconscious at the pier of the Land of the Conscious, is inspected by the ship's doctor, Intelligence, who cleanses him of quirks and of all sickness whatever that might spread confusion and obscurity in this progressive little land.  Sir Lyricism undergoes one more visit from the customs officials, a visit discovered by Freud who called it Censure.  I am a smuggler! I am against the vaccination laws."

(Mário de Andrade, "Extremely Interesting Preface." Hallucinated City. Trans. Jack E. Tomlins)

Wednesday, September 14, 2011

interessantíssimo / extremely interesting !!!

"Todo escritor acredita na valia do que escreve. Si mostra é por vaidade. Si não mostra é por vaidade também."

(Mário de Andrade, "Prefácio interessantíssimo", Paulicéia desvairada.)


"Every writer believes in the worth of what he writes. If he shows it, it is out of vanity. If he does not show it, it is also out of vanity."

(Mário de Andrade, "Extremely Interesting Preface." Hallucinated City.  Trans. Jack E. Tomlins)