Sunday, July 12, 2009

Poema de sete caras

Quando nasci, um anjo malandro
desses que vivem na Lapa disse:
Vai, gringo! ser carioca na vida.

Os morros olham os rapazes
que cantam as garotas.
A noite não fosse alta,
talvez houvesse menos segredos.

Na rua passa um bando de bundas:
bundas brancas negras mulatas.
Nossa Senhora, tanta bunda, dizem meus olhos.
Mas minha cabeça não diz nada.

O homem atrás da máscara
é curioso, inquieto e maluco.
Quase sempre inventa.
Tem muitos, vários sonhos
o homem atrás da fantasia e da máscara.

Cristo, por que estais de costas
se és o nosso Senhor,
se rezamos por aquele abraço?

Mundo mundo vagabundo
se fosse mais profundo
seria até bacana, não seria esse lixão.
Mundo mundo vagabundo
mais vago que nem palavrão.

Eu devo acrescentar
que esse sol
que esse sotaque
deixam a língua enrolada como outra.


Copyright © 2009 Marco Alexandre de Oliveira

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