Wednesday, October 17, 2012

Detective Poems ...

Rodrigo Garcia Lopes
 
 

POLICE ROMANCE

The dead man bathed in the moon's flashlight.
For the detective, no insight
Except the dark swamp, the fallen corpse,
The thick blood, and the report
By the mean faced policeman
That was now holding a lantern
While he interrogated the black eyed blonde
Who worked for a Greek restaurant
About the money and the strange notes in the car,
About the strange grimace of a smile, about the blood on her scarf.
And before the song on the radio is over
He says: "Only a miracle can save her".
In his hands, the torn letter, a bottle of whiskey.
But a verdict is still a little too risky.
Nothing was clear in the statements, of how this broad
Was found on a full moon by the side of the road:
"You gotta pay for what you cannot say",
She said, right as he turned away
From a kiss that would have been fatal.
The moon enhanced her crystals.
And then a moment of silence
As the crickets punctuated a sign.
She said: "The clues are everywhere
In your diary, on the sixteenth, in red, on the calendar".
While the detective searched the night
The blonde poured something white
Into his bottle. "In this profession, you need time
To solve this almost perfect crime".
She said nothing, or almost nothing, only heard
As the truth was revealed in every word.
At this point, everything seemed so clear,
And he said: "Have a drink, now, my dear!"

-- Rodrigo Garcia Lopes

*Translated from the Portuguese by Marco Alexandre de Oliveira



THE DETECTIVE DOGS

The detective dogs
in their black capes
never give up —
they sniff dunes, in pairs,
take the beach by surprise
telepathic crabs

the detective dogs
bite the fog of the sea-breeze
investigate
suicidal seagulls
sinister fish hatcheries
forests that meditate
the sea and its mantra
the crash of the waves
always different

they elucidate my
footprints on the sand
terrorist waves
suspect surfers
other dogs
throughout the afternoon
in search of clues

the detective dogs spy on
the beige silex of the dunes
the vertical, kamikaze fall
and splash
and never let themselves be misled
they are tramp detective dogs
they unleash clues that the waves hide
when they explode

stray dogs, detectives,
they make their rounds on the beach
and also know how to be sly
barking their enigmas
pressuring victims
hidden in the shoal
or disguised as humans

the detective dogs place themselves
in the skin of their prey
and don’t give up on the crabs
they find their alibis
in the lips of the waves
the only evidence
the beach and its necklace of pearls
the sea is a witness

they also have fun
with the southern wind
ears
between their paws
eyes wide shut
when by day they retrace the footprints
the black dogs detect
the truth, rotten fish,
get up and keep on
until the afternoon turns itself in.

-- Rodrigo Garcia Lopes

*Translated from the Portuguese by Marco Alexandre de Oliveira



THE LAST JOURNEY

He stepped on the beach
for the first time
in ages -
Seagulls watched him.
Aroma of algae.
The burning, saline Southern wind.
Odysseus came down
from the raft murmuring
something to himself
in an almost extinct dialect.
He put up the oars, a few fish,
to the music of a loudspeaker
versus a salmon sunset.
Afterwards, he saw the weak lights
flickering in the town houses.
A sea-breeze of marijuana reached his nostrils.
Funk.
Roaring laughter.
None of the fishermen recognized him.
Penelope had never existed.
That was not his legend.
Ithaca had never existed.
Odysseus turned to the beach without history
and said nothing:
he lit a cigarette and contemplated
the absurd dark blue of the nocturnal sea
versus the untiring white lines
of the breaking of the waves.

-- Rodrigo Garcia Lopes

*Translated from the Portuguese by Marco Alexandre de Oliveira



ROMANCE POLICIAL

A lanterna da lua banhava o morto.
No rosto do detetive, nenhum sopro
A não ser o ar pesado do mangue, o corpo
Caído, espesso sangue, e o pouco
Dito pelo policial com cara de mau
Que agora segurava um castiçal
Interrogando a loira de olhos negros
Que trabalhava para um restaurante grego
Da grana e dos bilhetes estranhos no porta-luvas,
Do estranho esgar de sorriso, do sangue em sua luva.
E antes que a canção no rádio acabe
Ele diz: "Para salvá-la, só um milagre".
Nas mãos, a carta rasgada ao meio, garrafa de uísque
Pela metade. Mas ainda é cedo para que ele se arrisque.
Nada ficou claro nos depoimentos, de como essa sereia
Foi encontrada pela estrada à lua cheia:
"Do que não se pode falar, deve se calar",
Ela disse, bem no momento dele virar
E ser beijado por seus lábios fatais.
A lua aumentava seus cristais.
Seguiu-se um minuto de silêncio
E os grilos pontuavam um indício. Ela disse:
"As pistas estão em toda parte, em seu diário,
No dia dezesseis em vermelho no calendário".
Enquanto o detetive revistava a lua
A loira derramou uma poção branca na sua
Garrafinha de uísque. "Nessa profissão, é preciso jeito
Para resolver este quase crime perfeito".
Ela não dizia nada, ou quase nada, só o olhava
Sabendo que a verdade estava em cada palavra.
A esta altura, tudo parecia bem nítido
E agora ele a forçava a beber o líquido.

-- Rodrigo Garcia Lopes



OS CÃES DETETIVES

Os cães detetives
em seus capotes negros
nunca desistem —
farejam dunas, em dupla,
pegam a praia de surpresa
siris telepatas

os cães detetives
mordem a neblina da maresia
investigam
gaivotas suicidas
pesqueiros sinistros
matas que meditam
o mar e seu mantra
o estrondo das ondas
sempre outras

elucidam minhas
pegadas na areia
ondas terroristas
surfistas suspeitos
outros cães
por toda a tarde
em busca de pistas

os cães detetives espreitam
o bege sílex das dunas
a queda kamikaze, vertical
dos mergulhões
e nunca se deixam enganar
são cães detetives caiçaras
soltam pistas que as ondas ocultam
quando explodem

cães sem dono, detetives,
dão seu batente na praia
e sabem ser sacanas também
latindo seus enigmas
pressionando vítimas
ocultos pela restinga
ou disfarçados de humanos

os cães detetives se colocam
na pele de sua presa
e não desistem dos siris
acham seus álibis
nos lábios das ondas
única evidência
a praia e seu colar de pérolas
o mar é testemunha

também se divertem
com o vento sul
orelhas
entre as patas
olhos cerrados de espera
quando do dia retraçam as pegadas
os cães negros detectam
a verdade, peixe podre,
se levantam e seguem
até que a tarde se entregue.

-- Rodrigo Garcia Lopes



A ÚLTIMA VIAGEM

Pisou na praia
pela primeira vez
em séculos —
Gaivotas o vigiavam.
Olor de algas.
O vento salino, ardente e Sul.
Odisseu desceu
da balsa murmurando
alguma coisa para si
num dialeto quase extinto.
Arrumou os remos, poucos peixes,
sob a música de um alto-falante
contra um por de sol salmão.
Depois, viu as lâmpadas frouxas
piscando nas casas do povoado.
Maresia de maconha alcançou suas narinas.
Funk.
Risadas altas.
Nenhum pescador o reconheceu.
Penélope nunca existira.
Aquela não era sua lenda.
Ítaca nunca existira.
Odisseu virou-se para a praia sem história
e nada disse:
acendeu um cigarro e contemplou
o azul escuro absurdo do mar noturno
contra as linhas brancas incansáveis
da arrebentação.

-- Rodrigo Garcia Lopes

 

 

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